domingo, 14 de junho de 2015

RELAÇÃO TERAPEUTA /PACIENTE: A ÉTICA DO CUIDAR


Ana Carolina Felipe Souza
Claudia C. Novo Gonzales
Daniela Melo da Silva
Judeneide Santos Araújo
Marlene Santana de Brito
Sandra Xavier Silva


Introdução
A prática da ética é extremamente importante no desenvolvimento profissional de qualquer indivíduo. Na atualidade observa-se que os princípios morais que dão suporte a uma postura ética estão em transformação. Assim sendo, temos uma certa deficiência nesse quesito, sendo necessário um trabalho de aprendizagem para esta questão.
Para Reis (2010), a profissão do Psicólogo está sustentada no seu Código de Ética Profissional, mas é necessário que a ética juntamente com a moral estejam além das páginas do Código.
Segundo Pantaleão e Baia (2012), pensar na formação do psicólogo clínico é bastante complexo pela diversidade teórica da Psicologia. Será possível pensar em habilidades e competências do psicoterapeuta, considerando que existem diferentes perspectivas teóricas e métodos que caracterizam a psicologia desde seu início? Sim,  mesmo considerando que as diferentes abordagens terapêuticas têm conceitos diferentes sobre as características de um bom psicoterapeuta, variando assim a concepção de formação e de psicoterapia de acordo com cada abordagem.
Fonte: http://www.psychologyknowledge.com/images/hands.jpg
Mas a formação de um profissional da psicologia não envolve apenas o aprendizado de técnicas e o modo de como se faz um rapport. Deve estar  fundamentada também numa atitude ética: ethos, no sentido etimológico significa designar posturas existências e concepções de mundo capazes de dar acolhimento, assento ou morada à alteridade.
Para Figueiredo 2004 apud Pantaleão e Baia 2012, a clínica é o espaço da escuta do excluído, do interditado. “A clínica define-se, portanto, por um “ethos”, em outras palavras, o que define a clínica psicológica é a sua ética: ela está comprometida com a escuta do interditado e com a sustentação das tensões e dos conflitos.”. Será que isso tem sido uma realidade?
No que diz respeito à clínica a ética é uma posição de morada, postura fundamental, modo de escutar e falar ao outro e do outro na sua alteridade, compreendida como abertura e respeito ao outro. A clínica é um desafio e, portanto, um espaço de aprendizagem e troca, que realça o encontro intersubjetivo no setting. A dimensão do cuidar é proporcional a ética clínica que o psicólogo deve ter, desenvolvendo a empatia na relação entre paciente e psicoterapeuta. No que concerne ao psicólogo clínico, este também deve fazer uso do cuidado, pois um dos princípios da ética do cuidado é a saúde do psicoterapeuta, pois, para cuidar do outro, é preciso que o psicoterapeuta disponha do cuidado de si.

COMO O PSICÓLOGO DEVE SE POSICIONAR FRENTE A CONFIABILIDADE DOS SEGREDOS
Tudo que o paciente relata na clínica ao terapeuta deve ser estritamente confidencial, devendo ser estabelecida uma relação de confiança e de receptividade entre terapeuta e paciente. Não deve relatar nem mesmo como exemplos a história de outros pacientes e a sua. Segundo o Código de Ética profissional do Psicólogo (2014) no Artigo 6º - o psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos:
 a) encaminhará a profissionais ou entidades habilitados e qualificados demandas que extrapolem seu campo de atuação;
b) compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o caráter confidencial das comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo.
E no Art. 9º - é dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.

JULGAMENTO
O julgamento parte de uma crença que é sustentada em um pensamento negativo e promissor diante de determinadas situações que levam o indivíduo a estabelecer um raciocínio sustentado em aprendizagens que foram se estruturando ao longo de sua vida.

Na clínica acontece o encontro entre o terapeuta e o paciente e o papel do terapeuta é acolhê-lo na sua dor e no seu sofrimento despido de qualquer preconceito ou julgamento. Deve utilizar os instrumentos que possui para ajudar o indivíduo a encontrar alívio para os seus sofrimentos.
A relação terapêutica é, portanto, uma relação de ajuda, compreensão e apoio na qual  o psicólogo não realiza julgamentos, ou juízos de valor. Pelo contrário, leva a pessoa a uma abertura de seu campo de visão, para que possa perceber a sua vida sob novas perspectivas, analisar e entender melhor as suas características, potencialidades e limites, utilizando o conhecimento adquirido em benefício de seu crescimento pessoal. Um dos pilares fundamentais de toda psicoterapia é nem julgar nem criticar, mas aceitar o paciente. Contudo, nem todos os terapeutas sabem dominar seus sentimentos e o expressas através de palavras ou pequenos gestos que denotam que não compartilham determinado ponto de vista.

COMPROMISSO EM RELAÇÃO AO TRABALHO
Segundo Nascimento 2013, no setting terapêutico devem ser observadas as questões objetivas, como o espaço, a iluminação, o conforto, o compromisso com o horário, conhecimento da agenda e nome do próximo cliente. E também questões subjetivas como a preparação pessoal e técnico,  em condições de fazer o acolhimento caloroso do seu paciente.
Dessa forma, o psicólogo está a serviço do outro, tem o compromisso social da escuta e do entendimento de seu meio. Cabe ao profissional acolher, dar morada, compreendendo a alteridade e processualidade do sujeito. A ética tem a ver com a relação com o outro e se relaciona com a construção do indivíduo.

REFERÊNCIAS
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília: CFP, 2014. Disponível em: < http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/Co%CC%81digo-de-%C3%89tica.pdf >. Acesso em: 25 Abr. 2015.
NASCIMENTO, L. C. S.; VALE, K. S. Reflexões Acerca do Fazer Ético na Clínica Gestáltica: um Estudo Exploratório. Revista da Abordagem Gestáltica, vol.19 nº.2. Goiânia, p. 157-166, 2013.

O Que Tem Para Hoje. Terapia: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s5c2AmX2V7g>. Acesso em: 09 mai. 2015.

PANTALEÃO, Ana Paula Florêncio; BAIA, Angela Fernandes.  In: Psicologado.com. Disponível em: <https://psicologado.com/atuacao/psicologia-clinica/a-atuacao-do-psicologo-clinico-etica-e-tecnica-em-discussao>. Acesso em 30 de abr. 2015.

REIS, D. K.; RODRIGUES, A. S., MELO, C. S. A Práxis do Psicólogo face ao Código de Ética Profissional. Revista Científica Eletrônica de Psicologia, Ano VIII – Número 14. Graça. 2010.