sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A ÉTICA NO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO

Autores: Ana Gabriela Oliveira, Andressa Duarte, Fernanda Georgino, Jeanne Cruvinel, Kéllen de Oliveira e Marcos Paulo Gil.

    Como se dá a ética no acompanhamento terapêutico?

   O termo “ética” deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social.
   A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos.
   Entende-se por Acompanhamento Terapêutico um modelo de intervenção clínica, que se dá no cotidiano, envolvendo a dupla Acompanhante Terapêutico e Acompanhado. Tradicionalmente destinado a sujeitos que estejam numa condição de sofrimento psíquico que transcenda o problema orgânico em si, caracterizando um isolamento social que necessite de intervenção e acompanhamento, visando auxiliar o acompanhado na reconstrução das relações sociais e afetivas, na retomada dos laços sociais. (BARRETO ,2001).
   A palavra acompanhar tem origem no latim e traz por significado comer do mesmo pão. Desta forma, acompanhar é mais que estar junto, é compreensão mútua e afinidade também. E isso por um tempo maior pode gerar uma ligação bastante intensa. E se essa ligação entre acompanhante e acompanhado evolui, alcançando uma mútua representação, afetiva e de aprendizado, transforma-se em algo muito valioso. Assim, os elementos que estavam presentes de modo mais evidente, que foram os motivadores a se designar um acompanhante terapêutico, deixam de ser o principal ponto através do qual o outro é visto e compreendido, ampliando assim o olhar e a ligação com o outro. E a força desta relação baseia-se em amizade. (Idem p. 167-170).
   O mesmo autor propõe que as bases no tratamento AT seja uma combinação das funções de Holding, Manejo e Placement, propostas por Winnicott. (1983, apud  Barreto , 2001).
   Para Winnicott (1983, apud Barreto 2001), a sustentação, ou holding, protege contra a afronta fisiológica. O holding deve levar em consideração a sensibilidade epidérmica da criança – tato, temperatura, sensibilidade auditiva, sensibilidade visual, sensibilidade às quedas – assim como o fato de que a criança desconhece a existência de tudo o que não seja ela própria. Inclui toda a rotina de cuidados ao longo do dia e da noite. A sustentação compreende, em especial, o fato físico de sustentar a criança nos braços, e que constitui uma forma de amar. A mãe funciona como um ego auxiliar.
   O holding é o que protege da psicose.    Winnicott considera que a psicose não é fruto de forças pulsionais, mas fruto de um holding insuficiente e, com isso, o sujeito cai num não ser; ele não consegue unir uma experiência de unidade de si mesmo, um eu sou, não consegue ser um sendo no tempo sem cotidiano.
   O Manejo consiste no fornecimento de um ambiente adequado, no contexto e fora dele, que faltou ao paciente em seu processo de desenvolvimento, sem o qual só lhe resta existir em termos da utilização reativa de mecanismos de defesa e de potencialidades do id. O Placement passou a ser reconhecido como uma modalidade clínica, mediante a qual o indivíduo é retirado de determinado lugar e colocado em outro, com uma provisão ambiental mais adequada as suas necessidades.
   O acompanhante terapêutico lança mão das três funções em seu trabalho, porém no lugar de alguém que se coloca lado a lado de seu acompanhado.
   “Assim, poderá, em um determinado período ou com um determinado paciente, exercer funções que tenham a ver com a maternagem e a paternagem e, em outros momentos, com a amizade”. (BARRETO 2001, p.196).
   Deste modo podemos compreender que o acompanhante terapêutico por vezes se posicionará com cuidados, outras, com limites, mas, na maioria do tempo se posicionará como num contexto de irmandade, o que por sua vez proporcionará uma relação amigável. O diferencial no acompanhamento terapêutico é o acolhimento, a escuta e o cuidado. O trabalho do acompanhante terapêutico está determinado por uma postura ética o tempo todo.
   A Ética está em o acompanhante terapêutico não permitir que a relação amigável com seu Acompanhado perca o foco do tratamento, esperando algo em troca do seu paciente, pois sabemos que a relação de amizade é uma relação não delimitada e simétrica, o que não pode ocorrer na relação de um Acompanhamento Terapêutico. Deve-se, sim, ter um clima amistoso, mas com a consciência e preparação que só o AT poderá conduzir. 

Referência Bibliográfica:
BARRETO, Kleber Duarte. Ética e técnica no acompanhamento terapêutico: andanças com Dom Quixote e Sancho Pança. São Paulo: Unimarco, 2001.

O vídeo a seguir mostra uma entrevista com a Psicóloga e Acompanhante Terapêutica Mariana de Silvério Arantes, da http://www.trilhasat.com.brA quem gentilmente agradecemos o apoio ao nosso projeto interdisciplinar.


                                      

Alunos do 5º Período de Psicologia  2/2015

O Trabalho de Ressocialização dos Apenados: Ética e Cuidados.

 Foucault, em sua obra “Vigiar e Punir” (1975/2008), faz uma análise de como os tipos de castigo passaram por uma evolução ao longo da história. O processo de punir era considerado um cerimonial em que as etapas do suplício consistiam na privação do condenado a qualquer minimização do sofrimento. Deste modo toda a sociedade presenciava a punição, com o intuito de demonstrar poder por parte do soberano, para evitar que as pessoas desrespeitassem as regras e normas ou tentassem desafiá-lo.

   Este modelo de punição contribuiu para que os pensadores, filósofos, juristas e legisladores do século XVIII repensassem uma nova maneira de fazer justiça, contrária ao processo de punir do rei, visto que este queria apenas o controle da sociedade. Assim, no século XVIII e XIX, o ato de punir passou do suplício para o inquérito, que consistia em um confronto intelectual, encerrando ás violências físicas e dando origem às cadeias e à legislação criminal.

   De acordo com Figueiredo Neto et al.  (2009), atualmente, no sistema carcerário o preso perde alguns de seus direitos, como a liberdade. A pessoa fica isolada do convívio familiar, da sociedade e perde o direito de ir e vir. Apesar disso, ele ainda tem alguns direitos, de acordo com o artigo 41 da Lei de Execução Penal, que tem como função começar um processo de reabilitação, resgatando seus valores humanos para que ele volte ao convívio social. Entretanto, a maioria dos presídios encontra-se em um estado preocupante, e na maioria deles faltam recursos para a recuperação desses indivíduos.

   O processo de ressocialização tem como objetivo amenizar o número de reincidências, auxiliando na recuperação do detento por meio de medidas como educação, capacitação profissional e busca da conscientização psicológica e social, visto que o indivíduo se torna reincidente, devido à carência desses recursos. Assim, o papel da ressocialização é recuperar a dignidade e autoestima, trazer o amadurecimento do indivíduo, além da preparação profissional, priorizando então os direitos básicos do sujeito.

   Em relação à ética do cuidar é importante ter conhecimento do significado de alguns termos: “moral”, tem origem no latim “Morales”, que significa “relativo aos costumes”; refere-se às normas de conduta de uma sociedade, que norteiam suas ações, julgamentos sobre o que é certo ou errado, bom ou mau. E “ética” vem do grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. A ética busca explicar as normas morais de forma racional, é um campo relativo, o qual não existe certo ou errado. No caso do psicólogo vale ressaltar que, como qualquer outro profissional,deve seguir um código de ética. Entretanto, ele se depara com muitas dificuldades e preconceitos, pois já construiu sua moral ao longo da vida. No cuidado com as pessoas que estão presas, o psicólogo deverá suspender seus julgamentos prévios do que é certo ou errado, e realizar suas intervenções pautando-se por uma ética que priorize a relação humana e o cuidado integral à pessoa em seu processo de reintegração social.

   O vídeo a seguir foi criado por nós para ilustrar o tema. Ele faz uma crítica à mídia sensacionalista que consegue manipular a população fazendo com que esta acredite em suas verdades sem questionar. Na maioria das vezes isso acontece pela falta de conhecimento e discernimento das pessoas, que se influenciam facilmente pelas opiniões dadas por meios de comunicação e acabam reproduzindo no seu comportamento tudo aquilo que ela transmite. O vídeo foi inspirado no depoimento do psicólogo Welligton Bessa, que atua no Centro de Atenção Psicossocial de Uberlândia (CAPS) a quem muito gentilmente agradecemos a colaboração.

Vídeo: A reintegração social dos apenados: ética e cuidados.




5° Período de Psicologia
Camila Correa Mendonça, Juciele Nascimento Santos, Letícia Gonçalves Honorato, Taynara Martins Moura, Tercília Maria Rodrigues Osório, Wanelle Naves Passos.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FIGUEIREDO NETO, Manoel Valente; MESQUITA, Yasnaya Polyanna Victor Oliveira de; TEIXEIRA, Renan Pinto; ROSA, Lúcia Cristina dos Santos. A ressocialização do preso na realidade brasileira: perspectivas para as políticas públicas. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XII, n. 65, jun 2009. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6301>. Acesso em out 2015.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel.
Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987. 288p.

SILVANO, Thiago Firmino. Ética e Moral. Florianópolis, 2007. Disponível em: http://www.institutolongtao.com.br/arquivos/24032014123404.pdf. Acesso em out 2015.


O atendimento psicológico on-line

Autores:
Bianca Jacintho Fleury
Divina Danieni dos Santos
Fernanda Delfino Barbosa
Francine Paula Machado
Luiz Antônio S. Rey Gismondi
Naiara Aparecida Oliveira
Sandriane de Cássia

            A utilização da palavra tecnologia é comumente usada desde a Revolução Industrial, no final do século XVIII, sendo generalizada para os demais setores da sociedade como um avanço, um conjunto de facilidades que auxiliam na execução das mais diversas tarefas. Atualmente usamos esse termo para designar as melhorias ou progressos de recursos, assim como as facilidades que ela ocasiona, seja na comunicação, n trabalho ou no lazer. Contudo, se por um lado a tecnologia diminui as barreiras, devemos questionar se não há nenhum tipo de prejuízo ou falha nessa relação virtual.
            A psicologia é definida como a ciência que estuda o comportamento humano e as consequências do mesmo no ambiente. Sendo assim, preocupa-se em não ignorar a demanda social que está ligada à tecnologia, como redes sociais, álbuns virtuais e mensagens instantâneas, a fim de que, sabendo explorar essa tecnologia, possa compreender e intervir.
            As tecnologias de comunicação à distância têm sido usadas para atendimentos psicológicos para aqueles que, por motivos diversos, não poderiam frequentar regularmente os serviços presenciais e se transformou em uma modalidade de atendimento psicológico que há mais de quinze anos é exercida por profissionais de países como estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Rússia e Argentina. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php.script=sci_arttext&pid=S167720702011000200003&Ing=pt&nrm=iao.
            No Brasil ainda não temos muitos estudos que abordem as possibilidades e riscos, o que justifica a Resolução 012/2005 do Conselho Federal de Psicologia, que regulamenta, somente sob o processo de credenciamento de site, a oferta da orientação mediada pelo computador; contudo, limita a prática terapêutica somente para fins de pesquisa. http://www.pol.br/legislacao/pdf/resolucao/2005-12.pdf.
            A procura pelos serviços de psicologia on-line tem aumentado e já há uma oferta desses trabalhos, como podemos visualizar na lista de serviços credenciados, disponível no site do Conselho Federal de Psicologia (http://site.cfp.org.br/index.php). É necessário, portanto, que se ampliem os estudos para que as possibilidades também aumentem.
            Prado e Meyer (2006) publicaram no artigo “A avaliação da relação terapêutica na terapia assíncrona via internet”, um estudo pioneiro sobre a participação de profissionais que trabalham com diferentes abordagens na realização de sessões de psicoterapia, utilizando meios da internet, apresentando resultados positivos.
            Pensando nessas questões, podemos refletir quais seriam as facilidades e riscos presentes nessa prática de atendimento psicológico on-line. Alguns questionamentos como: o valor a ser cobrado, a duração das sessões, qual o espaço adequado para o atendimento, se haverá limite de atendimento e quais casos podem ser atendidos, como se daria o registro de informações, assim como os arquivos, pautando-se sempre na postura ética que o profissional da Psicologia deve ter.
            É importante ressaltar que o atendimento à distância não se refere simplesmente à transferência para o espaço virtual dos conhecimentos adquiridos na clínica tradicional. Portanto, é possível afirmar que a internet é um instrumento que pode ser utilizado para a informação, conexão social, educação, economia, enfrentamento da timidez, entre outros. Sendo assim, é importante investigar e explorar a utilização dessa ferramenta on-line no campo da Psicologia, para que seja um campo comprovado cientificamente. Por essa razão, o nosso principal objetivo é fomentar uma reflexão e, quem sabe, investigar novos estudos para essa prática que tem florescido atualmente.
           
Referências:

PRADO, Oliver Zancul; MEYER, Sonia Beatriz. Avaliação da relação terapêutica na terapia assíncrona via internet. Maringá, v.11, n.2, p.247-257.




                       

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Psicologia Escolar E educacional

   A escola é um ambiente de interação humana, de disseminação do saber e produção de conhecimento, é um lugar onde as pessoas passam uma boa parte de sua vida, e lá temos a oportunidade de interagir com pessoas diferentes de nós com culturas, habilidades e dificuldades distintas. O que nos ajuda a desenvolver uma maior tolerância com os diferentes e uma compreensão de mundo mais abrangente.

   Diversas nomenclaturas já foram utilizadas para denominar a área da psicologia que trabalha no âmbito escolar, atualmente ela é chamada de Psicologia Educacional e Escolar. Thorndike um dos grandes teóricos da psicologia, em 1903 nos Estados Unidos, esse autor foi o pioneiro a utilizar o termo “Educational Psychology”  cientificamente.

   Em 1962 a psicologia é regulamentada como profissão no Brasil, mas já existiam instituições de ensino aqui, e conhecimentos psicológicos já eram utilizados para solucionar problemas de aprendizados, no começo do século XX, a psicologia do escolar como era conhecida na época, tinha o foco na “criança problema” ou “criança que não aprende”, exibindo um modelo higienista da época, mas a partir do ano de 1980 essa visão começa a mudar por conta da crítica feita por Maria Helena Souza Patto em sua tese de mestrado.

   Após 1980 passamos a denominar a psicologia relacionada à escolarização de Psicologia Educacional e Escolar. Sendo a Psicologia Educacional responsável pelo desenvolvimento e estudo de teorias, métodos, técnicas e pesquisas relacionadas a psicologia no âmbito escolar. E a Psicologia Escolar faz uso do conhecimento produzido pela Psicologia Educacional, colocando em prática, e possibilitando também a produção de novos conhecimentos. Estando intrinsecamente relacionadas, uma depende da outra por isso esta nova nomenclatura.

   Sabe-se que toda profissão, principalmente aquelas ligadas à área da saúde, são guiadas por um código de ética bem estabelecida, com diversos direcionamentos para a prática profissional. O psicólogo escolar atua na instituição dando suporte psicológico tanto para alunos quanto para todos os profissionais que trabalham na escola. Para fiscalizar a ética do Psicólogo Educacional e Escolar temos a ABRAPEE – Associação Brasileira de Psicologia Educacional e Escolar.

   O Psicólogo Educacional e Escolar deve trabalhar com os profissionais e alunos da escola, deve ter uma visão dialética do homem, compreendendo-o como ser subjetivo, social, que possui uma tendência à auto realização, e que precisa ser estimulado para alcançar sua capacidade máxima, é função do Psicólogo escolar desenvolver e preparar os diversos profissionais que trabalham dentro das instituições de ensino para que eles tenham uma melhor compreensão de como lidar com o indivíduo excepcional. Possibilitando o excepcional desenvolver suas habilidades ao máximo.

Vídeo: Normal é ser diferente.


Alunos do 5° período:

Gabriel M. Garcia
Marina Lina
Tauany Andressa
Rejane Aparecida
Rosiane Beatris

     REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL – ABRAPEE. Estatuto, 2005 Campinas, 2006.

BARBOSA, Deborah Rosária; SOUZA, Marilene Proença Rebello Psicologia Educacional ou Escolar? Eis a questão Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, Vol. 16, Número 1, 2012, p. 163-173. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572012000100018> Acesso em: 10 set. 2015.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética, 2005, Brasília, 2005.

JÚNIOR, Tadeu Barbosa Nogueira. Deficiência, Incapacidade e Desvantagem: Conceitos Básicos  In: ASSUMPÇÃO, F. B.; TARDIVO, L. S. P. C. Fundamentos de Psicologia, Psicologia do Excepcional, Deficiência Física, Mental e Sensorial. Rio de Janeiro: Guanabara, 2008. p. 1-4

RODRIGUES, Ida Janete. Inclusão: Um desafio em processo de construção In: ASSUMPÇÃO, F. B.; TARDIVO, L. S. P. C. Fundamentos de Psicologia, Psicologia do Excepcional, Deficiência Física, Mental e Sensorial. Rio de Janeiro: Guanabara, 2008. p. 80-88

SOUZA, Marilene Proença Rebello et. al. Atuação do Psicólogo na Educação: Análise de publicações científicas brasileiras Psicologia da Educação, São Paulo, ano 38,  2014, p. 123-138 Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414-69752014000100011&script=sci_arttext> . Acesso em: 10 set. 2015.

Psicologia do Esporte e a ética do cuidar

Aline Souza
Cássia Anisia
Iago Matheus
Laura Silva
Lorena Layne

A Psicologia do esporte passou por muitos desafios até se estabelecer como tal, Samulski (1992), afirma que no final do século XIX já era possível encontrar estudos e pesquisas relativas a questões psicofisiológicas no esporte. A psicologia do esporte é uma área das ciências do esporte, assim como a medicina esportiva ou a pedagogia esportiva, cujo objetivo é elaborar, empiricamente, os conhecimentos psicológicos necessários à prática esportiva (Thomas, 1983). Para a Associação Americana de Psicologia (1999) psicólogos do esporte preocupam-se, entre outras coisas, em compreender como a participação em atividades físicas e esportivas pode alterar e contribuir para o desenvolvimento psicológico, o bem-estar e a saúde de atletas e não atletas, e em orientar atletas a fazerem uso dos conhecimentos da psicologia para alcançar um nível ótimo de saúde mental aperfeiçoando sua “performance”.

Ao se tratar de esporte, nota-se um grande número de pessoas envolvidas no tratamento de atletas desde médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros que trabalham visando a melhora física e mental do mesmo, em busca de uma melhor performance e rendimento.
           A área de atuação do psicólogo não se priva somente ao esporte de alto rendimento, mas também a projetos sociais, iniciação esportiva, práticas de tempo livre, esporte escolar e reabilitação, onde o mesmo auxiliará para o desenvolvimento do atleta, ou seja, onde quer que se faça necessária a presença de um psicólogo.


A ética do Esporte e a ética do Psicólogo são coisas diferentes, por isso o profissional deve buscar a maior aproximação possível entre as duas. No esporte os atletas passam por várias transformações, dentre elas, as transformações que envolvem o seu corpo, pois o corpo do atleta muitas vezes é seu instrumento de trabalho. No esporte ele é manipulado pelo atleta e seus técnicos para atingir ao máximo seus objetivos e o seu rendimento, o corpo é um cartão de visitas, uma propaganda para o público. Nesse contexto pode-se dizer que o Psicólogo se depara não só com padrões éticos como também morais.
A ética do cuidar vai além que simplesmente dizer algo para que o atleta faça cuidar implica em acompanhar, aconselhar, observar, diagnosticar e se necessário intervir sobre o comportamento do atleta mediante aquilo que se mostra como necessidade do esportista.
Entendemos que o trabalho do psicólogo no esporte acontece em contexto multidisciplinar, em confluência com os treinamentos técnico, tático e físico, tornando-se um diferencial para atletas e comissão técnica, e também apontando para um leque de espaços de trabalho e de atuação para além do esporte de alto rendimento, como a reabilitação, as práticas de tempo livre, o esporte escolar e os projetos sociais, como apontados por Rubio (2007).
Neste sentido, apontamos que o fator psicológico não é o único a ser “corrigido” em uma equipe esportiva, mas ao considerarmos que não há uma dicotomização entre corpo-mente e, principalmente, que o esporte brasileiro não está desapartado de suas configurações históricas, sociais, econômicas e políticas, acreditamos que o psicólogo aparece como mais um elemento potencializador, como um profissional de saúde mental também nesta área, e que seu trabalho acontece a médio e longo prazo.

REFERÊNCIAS
RUBIO, Katia. Ética e compromisso social na Psicologia do Esporte. Psicologia Ciência & Profissão, v. 27, n. 2, p. 304-315, Universidade de São Paulo, 2007.
RUBIO, Katia. Da Psicologia do Esporte que temos à Psicologia do Esporte que queremos. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, 2007.
WEINBERG, R. & GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e Exercício. Artmed; 2001.
WINTERSTEIN, P. J. Ética no esporte e na psicologia do esporte: reencontrando caminhos. Revista Digital – Buenos Aires, v.10, n.76, Faculdade de Educação Física - UNICAMP, 2004.
WEINBERG, R.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. São Paulo: Artmed. 2001
APA- AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION. How can a psychologist become a sport psychologist?  http://www.psyc.unt.edu/apadiv47,1999.
THOMAS, A. Esporte: introdução à psicologia. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1983.