Para tratar sobre “A Ética do cuidar” abordaremos sobre a Ética do psicólogo jurídico em alienação parental com a acusação sexual. A psicóloga clínica e jurídica Denise Maria Perissini da Silva, no artigo “A ética do psicólogo jurídico em acusações de abuso sexual”, aborda amplamente a síndrome de alienação parental e a atuação ética do psicólogo jurídico frente às acusações.
Dentro do contexto da síndrome de alienação parental (SAP), processo comportamental construído a partir da transformação psíquica de uma criança, realizado por um dos pais, em relação ao outro, com o objetivo de romper a ligação afetiva entre a criança, o pai e sua respectiva família. Uma forma de manifestação da SAP é a acusação de abuso sexual que, infelizmente, acontece com frequência, sendo, geralmente, uma acusação falsa, por refletir os interesses do genitor alienante e não os sentimentos da criança que, por sua vez, utiliza cenários emprestados ou situações descritas que nunca foram efetivamente vivenciados, uma vez que a “mãe” constrói na cabeça da criança uma acusação de abuso sexual por parte do “pai”, como uma forma de destruir o vinculo afetivo entre os dois. Vale ressaltar que o genitor alienante se serve de todos os meios, mesmo os ilícitos e inescrupulosos, para atingir seu objetivo. É indispensável para o psicólogo jurídico compreender a síndrome de alienação parental em todas as suas dimensões, seus efeitos, suas origens e a melhor forma de combatê-la, para que assim possa intervir o mais rápido possível e as consequências não sejam irreversíveis.
É fundamental “separar o joio do trigo”, ou seja, analisar a autenticidade e a veracidade das informações obtidas, considerando que há a hipótese de serem infundadas.
Cabe à ética do psicólogo jurídico, em caso de abuso sexual, ter cuidado com as entrevistas que vão ser conduzidas com a criança, pois elas devem ser particulares e as perguntas elaboradas com muita cautela para não influenciar as respostas. Os limites da criança devem ser sempre respeitados, não cabendo, portanto, ao profissional tentar descobrir “coisas”, mas sim possibilitar o acolhimento para proporcionar a aproximação; esse comportamento facilitador fará com que a criança fale de seus problemas. O psicólogo deve estar atento ao discurso, tanto verbal como não verbal, às expressões faciais e demonstrações de sentimento, dentre outros, sendo cauteloso com os desenhos, testes, brincadeiras e jogos a serem desenvolvidos pela criança. É de extrema importância a análise do contexto familiar.
A ética nas relações envolve averiguar as configurações familiares por meio de laudos e perícias psicológicas com o objetivo de abordar também os aspectos emocionais e não só jurídicos, bem como preservar os vínculos e não acirrar conflitos. O psicólogo jurídico, mesmo na posição de perito, é inviável a afirmação da transgressão. Inadmissível é a possibilidade do psicólogo perito, durante a realização da avaliação de uma família em contexto judicial, de emitir opiniões e conclusões que se assemelhem com sentenças ou julgamentos, pois além de assumir uma função judicante, são posicionamentos cheios de juízos de valor que se afastam da Psicologia enquanto ciência e profissão. Para garantir o maior interesse da criança é necessário haver integração entre o Direito e a Psicologia.
Na síndrome de alienação parental com acusações de abusos sexuais onde há relatos falsos e verdadeiros, é importante saber distingui-los. Dessa maneira, efetivamente, a criança poderá ser ajudada no seu comportamento adotado, assim como a família que utiliza as falsas informações em beneficio próprio, já que é inegável a presença dos pais na vida da criança, pois eles são fundamentais para o seu desenvolvimento psíquico. Não cabe à ética da psicologia jurídica a pendência para nenhuma das partes, e também ela não segue uma lógica entre o certo e o errado, e sim a relativização dos conceitos para que as pessoas tomem consciência de seus sentimentos, pensamentos e ações. Vale lembrar que os profissionais devem atentar à ética profissional, para não colocar em risco sua carreira e sua reputação.
A partir do artigo de Denise Maria Perissini da Silva criamos um vídeo baseado em um caso de alienação parental e acusação de abuso sexual, com o objetivo de demonstrar qual seria atuação ética do profissional da psicologia jurídica nesse contexto.Autores: Elisa Chagas de Melo, Karine Ferreira Santos Mendonça, Maria Eduarda Silva Borges, Nágela de Sousa Machado, Tatiane dos Santos Cunha.
Referência Bibliográfica: