domingo, 11 de dezembro de 2016

Religiões de Matriz Africana: Cuidado e Respeito.

No projeto interdisciplinar 2016-2, tomamos conhecimento de uma religião que sofre preconceito - o Candomblé.

 Visitamos uma casa de Religião de Matriz Africana, o Ilê de Candomblé Ketu, em Uberlândia MG. Na visita tivemos oportunidade de assistir a um ritual de oferenda ao Orixá Xangô, ao som de batidas no atabaque e uma música cantada em ioruba (uma língua africana). Sentimos envolvidos num ritmo contagiante quando membros do grupo foram energizados pelo Orixá que comunga com seu ori (cabeça). Fomos convidados a participar do ritual, indo até os 'Orixás' Iemanjá, Oxum e Logum Ede e através de um abraço recebemos a energia vinda dos Orixás.

Entrevistamos a mãe da casa, a Yia Cristina. Descrevemos trechos da entrevistas que foi decisiva para quebrar nossos próprios preconceitos:

"Macumba se tornou um termo pejorativo pra designar um coletivo, invisibilizando socialmente, que somos nós. É preciso entender o significado da religiosidade no Brasil. As pessoas falam: - Eu vou pra Macumba. Mas ir na Macumba, não é fazer um ato de macumba, de bruxaria, mas é todo um ressignificado que encontra com o mundo invisível, que as pessoas também não entendem. O mundo invisível não deixa de existir porque simplesmente nós não o vemos."

"Em relação a intolerância das pessoas, depois de 40 e poucos anos de religiosidade, me incomoda quando não conseguimos perceber o outro indivíduo como uma pessoa por falta de conhecimento e falta com respeito com esse indivíduo ou por falta de educação mesmo, eu infelizmente só posso falar que lamento muito. Não me incomoda, mas eu percebo todos os dias essa intolerância, principalmente, quando eu me identifico com a identidade negra, e não essa pessoa de pele branca e de olhos azuis, porque a identidade negra não está no fenótipo, mas sim, nas escolhas culturais que você faz, enquanto você se aceita e caminha dentro dessa identidade."

 Como psicólogos, devemos ter uma postura ética e profissional em relação às escolhas religiosas e subjetividade do outro que nos apresenta para o cuidado.

Sendo a psicologia uma profissão laica, não pode ser qualificada por elementos advindos de religiões. Embora a psicologia reconheça o valor da espiritualidade e das práticas religiosas, o Conselho Federal de Psicologia é contra a imposição de qualquer dogma religioso, conforme citado no Art 2° do Codigo de Ética Profissional:
“ Ao psicólogo é vedado:
b) induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual e qualquer tipo de preconceito, quanto do serviço de suas funções profissionais.”

Nota-se hoje na sociedade um crescimento do fundamentalismo religioso. Todas as religiões devem ter o direito de defender seus valores. Porém nenhuma delas em especial deve adotar seus princípios para fundamentar as políticas públicas, uma vez que corre-se o risco de termos princípios religiosos excludentes.

A psicologia laica não significa que a psicologia negue as diversas religiões que as pessoas podem ter: todos têm o direito de escolher e professar suas crenças espirituais, mas elas devem ser livremente exercidas na intimidade da vida privada.

No papel profissional é importante se voltar para psicologia como ciência. Misturar Religião e Exercício Profissional, quando o profissional traz para o seu serviço convicções de ordem privada, significa o prejuízo na qualidade do serviço que oferece. E um prejuízo também às questões éticas desse atendimento.

Essa  vivência foi de muita importância para nossas crenças sobre o Candomblé e suas práticas religiosas. Aprendemos a olhar para os praticantes com respeito, por defenderem com tanta fé uma religião carregada de preconceitos e manter suas práticas e suas crenças religiosas com cuidado e respeito ao próximo. Como futuros psicólogos, devemos fazer da reflexão sobre a ética do cuidado uma constante em nossas praticas.





Alunos: Alan Alves Pereira, Brunna Borges, Maria Isabella Nunes, Érika Pires Reis, Brenda Caroline Silva, Karla Karoline S. Pires, Bruna Testa mendonça, Vera Lúcia Sampaio O. Attuch, Mirian Cristina Luciano Almeida, Lúcia Inês Costa, Luíza de Souza Botelho, Cirlene G. Amorim, Amanda Morais, Daiany Froio, Jessica Mariano, Isadora Oliveira, Valdemes Domingues da Silva, José Carols Mendes Júnior, Kivia Brandão, Gilvia A. A. Silva.

Professora orientadora: Ana Paula de Freitas






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