Ética: Sei que nada ainda
sei
Eis à questão: “Virtude é coisa que se
ensina?”. O personagem-título Menon, de Platão, inicia o diálogo com Sócrates a
partir da questão se a virtude é fruto do ensino, adquirida pela experiência ou
inerente à natureza dos Homens.O tema da “virtude” que desperta interesse
desde a filosofia antiga, é definido por Aristóteles como uma das “espécies”:
intelectual, dada por meio do ensino, e moral, adquirida pelo hábito.
A moral destaca-se, pois
traz no seu DNA um conjunto de normas que regulam o comportamento social no
sentido de manter e garantir a ordem. Por sua vez, a ética toma forma em
condutas e normas resultantes do trabalho da razão, da crítica e estaria
vinculada em três pré-requisitos: a consciência, autonomia de ação e coerência.
Ética é uma virtude muito
importante e crucial na formação acadêmica. Em estágios na vida profissional, toma
maior proporção, pois temos que acompanhar e lidar com os resultados do grande
avanço científico e tecnológico, e questões de extrema importância como o
resultado de tal evolução que afeta diretamente o comportamento humano em todas
suas vertentes e interações.
No contexto específico, a
educação, que é complexa em sua construção, deveria ser considerada instrumento
de reflexão acerca da realidade. O atual modelo curricular por disciplinas, tem
crucial influência na formação dessa virtude, porém com esse sistema
tradicional o ensino da ética demonstra-se precário.
A avaliação da aprendizagem
da ética é pouquíssima explorada; a melhor inserção da matéria, e valor ético na
graduação está inevitavelmente ligada à utilização de metodologias ativas, como
a aprendizagem baseada em problemas ou problematização. Entretanto a nossa
realidade não condiz com essa exigência, pois, a minoria dos professores
especializados em ética é de formação em áreas das ciências humanas e sociais e
pouquíssimos tem interesse em ampliar o conhecimento para além do ensino dos
métodos.
Alguns estudos e artigos
ligados à bioética, termo que na sua essência alia conhecimento científico e valores
humanos em favor da vida, aponta que uma reforma curricular pode ser uma maneira
de inserir a ética de forma integrada nos variados níveis de formação e
graduação. E também traz a ideia de que uma reestruturação do modelo de ensino
na universidade seria o caminho para a quebra do sistema.
Outro ponto a ser
considerado é o aprendizado dos valores éticos desde a educação familiar. Em
função das dificuldades de uma educação ética na família, esta acaba por
transferir essa responsabilidade para a educação.
E através dessa problemática,
abre-se uma série de questões como a fragmentação do conhecimento, desamparo
acadêmico, que reflete no comportamento do estudante no campo de atuação
profissional, pois para quem nunca teve nenhum contato adequado com a teoria,
nem com a vivência do comportamento ético, se faz necessário buscar de própria
vontade, a dita sensibilidade ética, pois, a mesma nos tempos atuais se faz de
extrema e vital relevância para boa convivência, desempenho profissional e
pessoal. “Mas de que forma fazer isso?”
Além da reestruturação
curricular, devemos buscar métodos que envolvam a criatividade e a prática do
diálogo que alimentem a nossa reflexão crítica. A forma básica de começar tal
comportamento seria voltarmos ao pensamento filosófico, sem grandes aventuras,
e não ficar somente no pensar, criar ações claras e coerentes.
Filósofos clássicos já nos
ensinaram a fazer isso, construindo debates sobre aspectos teóricos e viventes
diretamente ligados à ética. Assuntos como a moral e a ética são intimamente
correlacionados entre si, por grandes pensadores como Aristóteles, Platão.
Vale ainda ressaltar que além
da metodologia, reestruturação curricular, outro fator para aprendizagem da
ética vem do exemplo da postura dos docentes, que devem incentivar a conduta
ética. De maneira que o foco da aprendizagem deve voltar-se para a aquisição de
habilidades do que para uma dimensão cognitiva.
Referências:
1. Platão. Mênon: Texto estabelecido e anotado por Jonh
Bur-net. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, Loyola; 2001.
2. Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril
Cultural; 1979. v. 2. (Coleção Os Pensadores).
3. CARNEIRO, Larissa A.; PORTO, Celmo C.; DUARTE, Soraya
B.R.; CHAVEIRO, Neuma; BARBOSA, Maria A. O
Ensino da Ética nos Cursos de Graduação da Área de Saúde. Revista
Brasileira de Educação Médica. Rio Janeiro, Vol. 34, nº. 3, p.412-421, 2010.
Autores: Dandara C. Leite, Diego C. M. Sousa, Kênia J. F. Alves, Letícia R. S. Delfino, Nayara R. Máximo, Nellie L. Ramos, Stéffani P. Santos, Thaís C. O. Ribeiro.
Autores: Dandara C. Leite, Diego C. M. Sousa, Kênia J. F. Alves, Letícia R. S. Delfino, Nayara R. Máximo, Nellie L. Ramos, Stéffani P. Santos, Thaís C. O. Ribeiro.
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