quinta-feira, 23 de maio de 2013

Ética: Sei que nada ainda sei

Eis à questão: “Virtude é coisa que se ensina?”. O personagem-título Menon, de Platão, inicia o diálogo com Sócrates a partir da questão se a virtude é fruto do ensino, adquirida pela experiência ou inerente à natureza dos Homens.O tema da “virtude” que desperta interesse desde a filosofia antiga, é definido por Aristóteles como uma das “espécies”: intelectual, dada por meio do ensino, e moral, adquirida pelo hábito.
  A moral destaca-se, pois traz no seu DNA um conjunto de normas que regulam o comportamento social no sentido de manter e garantir a ordem. Por sua vez, a ética toma forma em condutas e normas resultantes do trabalho da razão, da crítica e estaria vinculada em três pré-requisitos: a consciência, autonomia de ação e coerência.
Ética é uma virtude muito importante e crucial na formação acadêmica. Em estágios na vida profissional, toma maior proporção, pois temos que acompanhar e lidar com os resultados do grande avanço científico e tecnológico, e questões de extrema importância como o resultado de tal evolução que afeta diretamente o comportamento humano em todas suas vertentes e interações.
No contexto específico, a educação, que é complexa em sua construção, deveria ser considerada instrumento de reflexão acerca da realidade. O atual modelo curricular por disciplinas, tem crucial influência na formação dessa virtude, porém com esse sistema tradicional o ensino da ética demonstra-se precário.
A avaliação da aprendizagem da ética é pouquíssima explorada; a melhor inserção da matéria, e valor ético na graduação está inevitavelmente ligada à utilização de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em problemas ou problematização. Entretanto a nossa realidade não condiz com essa exigência, pois, a minoria dos professores especializados em ética é de formação em áreas das ciências humanas e sociais e pouquíssimos tem interesse em ampliar o conhecimento para além do ensino dos métodos.
Alguns estudos e artigos ligados à bioética, termo que na sua essência alia conhecimento científico e valores humanos em favor da vida, aponta que uma reforma curricular pode ser uma maneira de inserir a ética de forma integrada nos variados níveis de formação e graduação. E também traz a ideia de que uma reestruturação do modelo de ensino na universidade seria o caminho para a quebra do sistema.
Outro ponto a ser considerado é o aprendizado dos valores éticos desde a educação familiar. Em função das dificuldades de uma educação ética na família, esta acaba por transferir essa responsabilidade para a educação.
E através dessa problemática, abre-se uma série de questões como a fragmentação do conhecimento, desamparo acadêmico, que reflete no comportamento do estudante no campo de atuação profissional, pois para quem nunca teve nenhum contato adequado com a teoria, nem com a vivência do comportamento ético, se faz necessário buscar de própria vontade, a dita sensibilidade ética, pois, a mesma nos tempos atuais se faz de extrema e vital relevância para boa convivência, desempenho profissional e pessoal. “Mas de que forma fazer isso?”
Além da reestruturação curricular, devemos buscar métodos que envolvam a criatividade e a prática do diálogo que alimentem a nossa reflexão crítica. A forma básica de começar tal comportamento seria voltarmos ao pensamento filosófico, sem grandes aventuras, e não ficar somente no pensar, criar ações claras e coerentes.
Filósofos clássicos já nos ensinaram a fazer isso, construindo debates sobre aspectos teóricos e viventes diretamente ligados à ética. Assuntos como a moral e a ética são intimamente correlacionados entre si, por grandes pensadores como Aristóteles, Platão.
Vale ainda ressaltar que além da metodologia, reestruturação curricular, outro fator para aprendizagem da ética vem do exemplo da postura dos docentes, que devem incentivar a conduta ética. De maneira que o foco da aprendizagem deve voltar-se para a aquisição de habilidades do que para uma dimensão cognitiva.

Referências:

1. Platão. Mênon: Texto estabelecido e anotado por Jonh Bur-net. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, Loyola; 2001.
2. Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural; 1979. v. 2. (Coleção Os Pensadores).
3. CARNEIRO, Larissa A.; PORTO, Celmo C.; DUARTE, Soraya B.R.; CHAVEIRO, Neuma; BARBOSA, Maria A. O Ensino da Ética nos Cursos de Graduação da Área de Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica. Rio Janeiro, Vol. 34, nº. 3, p.412-421, 2010.

Autores: Dandara C. Leite, Diego C. M. Sousa, Kênia J. F. Alves, Letícia R. S. Delfino, Nayara R. Máximo, Nellie L. Ramos, Stéffani P. Santos, Thaís C. O. Ribeiro.

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